PIB ou FIB?


JÁ QUE NÃO PODEMOS IR MORAR NO BUTÃO...
AMANHÃ MUDAREMOS PARA O NOSSO MATO, NOSSA TERRA... E LÁ TENTAREMOS CRIAR UM MUNDINHO BUTÃO, POR QUE NÃO?
Visualize um reino de deslumbrantes cumes nevados, com leopardos e iaques vagando pelas montanhas. Com vastas florestas intocadas, onde o contentamento é mais valorizado que o comércio, e um sábio rei que declara que a felicidade de seus súditos é mais importante que a produção econômica.

Um conto de fadas? Um sonho da imaginação? Um reino virtual no Second Life? Nada disso. Estou falando de um lugar real, com pessoas verdadeiras – o reino do Butão, no Himalaia.

O Butão tem capturado a atenção mundial por sua inovadora mensuração da FIB (Felicidade Interna Bruta), em vez de PIB (Produto Interno Bruto). Por décadas, o PIB, índice de progresso que soma todas as transações econômicas de uma nação, tem sido criticado, mais recentemente numa conferência da Comissão Européia, em Bruxelas. O PIB não somente falha em contabilizar os custos ambientais, mas também inclui formas de crescimento econômico que são prejudiciais ao bem-estar da sociedade. Por exemplo, despesas com atendimento médico, crime, divórcio e até desastres como o Katrina são computadas como um aumento do PIB!

A FIB vai um passo além. Ela situa a felicidade como o pivô do desenvolvimento. Desde a época de Aristóteles, e indo até a Declaração da Independência dos Estados Unidos, muitas sociedades consideraram a busca da felicidade um direito fundamental de todos os cidadãos. E agora, em pleno século XXI, o rei do Butão, Jigme Singye Wangchuk – uma das cem pessoas mais influentes do mundo, segundo a lista da revista Time –, disse que a FIB é o alicerce de todas as políticas de desenvolvimento do
governo.

O Butão proveu uma alternativa. Os delegados butaneses na conferência atraíram a atenção não apenas por suas distintas túnicas bordadas, mas também por sua aura de júbilo interno. As decisões políticas nesse país, de acordo com Dasho Karma Ura, diretor para o Centro de Estudos do Butão, são tomadas a partir dos indicadores da FIB, que são os seguintes: padrão de vida, saúde, educação, resiliência ecológica, bem-estar psicológico, diversidade cultural, uso equilibrado do tempo, boa governança e vitalidade comunitária. “A renda não é buscada pelo seu bem em si, mas para aumentar a qualidade de vida, para obter a felicidade”, diz ele. “Felicidade baseada na ética, em cultivar relacionamentos entre as pessoas e com a natureza. E também uma felicidade interior baseada na espiritualidade.”

Num mundo de aceleradas rupturas ecológicas, sociais e psicológicas, talvez os butaneses, com sua sabedoria dos Himalaias, tenham algo a nos ensinar. Que possamos alcançar a prosperidade em harmonia com o planeta sem perder a verdadeira fonte da felicidade: nossas conexões uns com os outros, com a Terra e com o espírito dentro de nós.
*susan@edglobo.com.br

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